segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Como a sua indiferença corrompe a humanidade?










"Salva-me, Senhor, do horizonte 
sem estímulo ou recompensa 

onde o amor equivale à ofensa. 
De boca amarga e de alma triste 

sinto a minha própria presença 
num céu de loucura suspensa. 

Já não se morre de velhice 

nem de acidente nem de doença, 
mas, Senhor, só de indiferença"
Cecília Meireles


                        Se há algo que me incomoda imensamente, até mais que o ódio é a indiferença. O amor e ódio possuem uma base comum,  o se "importar com algo", não são antagônicos como se imagina, mas semelhantes, apenas ocorrendo por motivações diferentes em um determinado momento. 
                  É bem verdade que o contraponto do amor não é o ódio, mas a indiferença. Ao sermos indiferentes, renunciamos nossa condição de agentes de transformação do mundo, nos enclausuramos em nossa "zona de conforto", renegando nossa afetividade e o viver. 
                      Estava certo Luther King em seu pranto: "O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética, O que me preocupa é o silêncio dos bons". King sabia o peso da indiferença do bons. Ele sabia que esta provoca assimetrias sociais e constroem monstros poderosos e de difícil controle, sendo a essência da desumanidade.

                    Gramsci também opina sobre a afetividade apática ao dizer: "A indiferença é o peso morto da história. É a cadeia de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam amiúde os mais esplendorosos entusiasmos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor que o peito dos seus guerreiros; porque engole em seus pântanos lamacentos os seus assaltantes, os dizima e desencoraja e, às vezes, faz com que desistam da ação heróica'

                     A indiferença é contra a natureza do universo que está em eterna expansão. A evolução só ocorre porque a própria natureza arisca-se a reinventar-se, lançando-se sob os riscos da imperfeição, das contingências biológicas e hereditárias para construir algo novo.
                       Você não nasceu para a indiferença, você foi criado para amar intensamente, com todo fervor, com  todas as suas forças. Desejo que seu amor seja sempre direcionado para a construção de um mundo mais equilibrado, ético e humano, e rogo para que você nuca seja abatido pela infernal indiferença, pois não é apenas castigo para a carne, mas a própria prisão da Alma.

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