quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Sonho Impossível!










O impossível é suas crenças pessoais na defesa da nossa zona de conforto. Quanto mais acreditamos nele, mais o ego nos lança no mar da indiferença para defender nosso self de qualquer sofrimento. Permita-se sonhar absurdos, abuse da imaginação, sonhe grande e ultrapasse o limite do impossível. Seja sublime  e levite sobre os ombros dos poetas.


Queria eu mesmo ser a poesia de Fernando Pessoa e respira-la diariamente, Sonho Impossível:


Eu tenho uma espécie de dever,
de dever de sonhar, de dever de sonhar
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
um espectador de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espectáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário,
para viver o meu sonho
entre luzes brandas
e músicas invisíveis.
Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite provável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se este chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão".


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Como a sua indiferença corrompe a humanidade?










"Salva-me, Senhor, do horizonte 
sem estímulo ou recompensa 

onde o amor equivale à ofensa. 
De boca amarga e de alma triste 

sinto a minha própria presença 
num céu de loucura suspensa. 

Já não se morre de velhice 

nem de acidente nem de doença, 
mas, Senhor, só de indiferença"
Cecília Meireles


                        Se há algo que me incomoda imensamente, até mais que o ódio é a indiferença. O amor e ódio possuem uma base comum,  o se "importar com algo", não são antagônicos como se imagina, mas semelhantes, apenas ocorrendo por motivações diferentes em um determinado momento. 
                  É bem verdade que o contraponto do amor não é o ódio, mas a indiferença. Ao sermos indiferentes, renunciamos nossa condição de agentes de transformação do mundo, nos enclausuramos em nossa "zona de conforto", renegando nossa afetividade e o viver. 
                      Estava certo Luther King em seu pranto: "O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética, O que me preocupa é o silêncio dos bons". King sabia o peso da indiferença do bons. Ele sabia que esta provoca assimetrias sociais e constroem monstros poderosos e de difícil controle, sendo a essência da desumanidade.

                    Gramsci também opina sobre a afetividade apática ao dizer: "A indiferença é o peso morto da história. É a cadeia de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam amiúde os mais esplendorosos entusiasmos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor que o peito dos seus guerreiros; porque engole em seus pântanos lamacentos os seus assaltantes, os dizima e desencoraja e, às vezes, faz com que desistam da ação heróica'

                     A indiferença é contra a natureza do universo que está em eterna expansão. A evolução só ocorre porque a própria natureza arisca-se a reinventar-se, lançando-se sob os riscos da imperfeição, das contingências biológicas e hereditárias para construir algo novo.
                       Você não nasceu para a indiferença, você foi criado para amar intensamente, com todo fervor, com  todas as suas forças. Desejo que seu amor seja sempre direcionado para a construção de um mundo mais equilibrado, ético e humano, e rogo para que você nuca seja abatido pela infernal indiferença, pois não é apenas castigo para a carne, mas a própria prisão da Alma.

sábado, 19 de setembro de 2015

O que mais temo na morte?











                      Ao contrário do senso comum, o que mais me deixaria tranquilo ao morrer seria se realmente esta representasse  o fim de tudo. Afinal, nesse cenário eu mesmo teria construído o significado da minha inexplicável vida, uma mera obra do acaso, sem qualquer responsabilidade por qualquer coisa ao meu redor. Minha vida teria  sido minha própria teologia, acreditando no que me convém, eu teria sido o senhor de mim mesmo, seguindo as receitas da filosofia secular e do estilo 'carpe diem'. Sim, eu teria sido meu  Deus e minha vida um culto a este, com a lógica e a razão  minhas liturgias sagradas.

                       Contudo, em verdade o que mais me faz temer na morte é considerar que esta não é de fato o fim, que todas as minhas premissas eram falsas, toda a vida uma ilusão. Receio saber que não existia esquerda, nem direita e todas as correntes ideológicas eram tremendas inutilidades. 
Seria desconcertante ver que toda a minha vida não fazia sentido e o direcionamento lógico que dei a a ela uma verdadeira piada. Seria duro vê minhas máscaras caindo e as amargas muralhas sentimentais  que tanto lapidei indo a abaixo junto com meu orgulho em um simples piscar de olhos.
                     Temo imensamente vê  em retrospecto minhas atitudes egoístas e ter deixado muitas vezes de ter sentido indignação diante da pobreza, da fome e toda forma de injustiça social para me sentir mais confortável.
                       Sofro  em pensar que não lutei incansavelmente pela única coisa que valia a pena, amar ao próximo e a si mesmo. Se não existir um fim, descobriria que nada possuí, nem bens materiais, nem mesmo minha família, nem filhos,  que tudo era fragmentos do caminho, um grande processo de aprendizado.
                  Por fim, temo, nesse contexto da morte, descobrir verdadeiramente quem  Eu Sou, sem cortinas, sem sombras ou jogos de luzes, simplesmente eu desnudo diante de mim mesmo e o quanto poderia ter feito tudo tão diferente.
                      Portanto, considerando minha condição humana, rogo a Deus que exista um fim, que simplesmente voltemos ao pó, pois seria menos doloroso do que enfrentar a verdade do universo em detrimento de nossa pequenez racional. Descobrir que minha realidade construída não é um verdade seria pesaroso demais, uma segunda morte.  Voltando ao pó, a morte, portanto, seria mais suave.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A filosofia da felicidade!




"Acusar os outros das suas infelicidades é  tolice, responsabilizar-se a si próprio por todas as contrariedades é coisa de um homem que começa a instruir-se; e não culpabilizar ninguém, nem tão pouco a si próprio  já é compreensão de um homem perfeitamente instruído". ( Epiteto)




           Como viver uma vida plena e feliz? Como ser uma pessoa com boas qualidades morais? Como a Ética contribui para a uma vida de felicidade? Estas foram algumas questões existenciais as quais o filósofo escravo epiteto dedicou a responder em vida.

            Ele acreditava que o objetivo principal da filosofia era ajudar as pessoas comuns a enfrentar positivamente os desafios diários e a lidar com as inevitáveis perdas, decepções e mágoas da vida. Para este, quando a alma grita por socorro é sinal de que chegamos a um estágio necessário e maduro de reflexão sobre nós mesmos. Nesse estágio ele nos convida a não desistir, mas nos debruçarmos perante nossos pensamentos para sua total compreensão.

            Este filósofo, que viveu em regime de escravidão, exorta-nos quanto ao fato de que mesmo diante de problemas externos incontroláveis, sempre poderemos escolher nossas reações diante destes.E vai além ao afirmar que não são os problemas que nos causam sofrimento, mas nossas interpretações, ou seja, a forma como os encaramos.

        Por fim diz, a verdadeira felicidade é um verbo. É o desempenho contínuo, dinâmico e permanente de atos de valor. A vida em expansão, cuja base é a intenção de buscar a virtude, é algo que improvisamos continuamente, que construímos a cada momento. Ao fazê-lo, nossa alma amadurece. Nossa vida tem utilidade para nós mesmos e para as pessoas que tocamos. 
          Só há um caminho para felicidade, o conhecimento de si mesmo e a prática do bem comum (Ética), tudo o mais é ilusão.