segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Feliz ano novo!












"Quem faz um poema abre uma janela.

Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo —
para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado"
( Marion Quintana)





Desejo que tua vida se torne um poema da melhor versão de você. 
Que as dores da vida não reflitam na idade de teu coração.
Desejo a todos o retorno do sorriso espontâneo
Um olhar conectado no concreto, não vago e disperso.
Desejo enfim que sejas aquilo que você realmente é, não uma projeção de expectativas alheias.
Desejo...
Amor..
Te vejo...
Tu sabes..
Eu sei o que que eu Sou.

Breitner Chaves (12/2018)

domingo, 30 de setembro de 2018

O que me emociona?






"Meus irmãos, eu não vos aconselho o amor ao próximo; aconselho-vos o amor ao mais afastado"

(Nietzche)










1- Umas das coisas que mais me emocionam é observar o olhar de pais para seus filhos. Acredito que a maior "experiência  terrena de Deus" não é se posicionar em funções de poder, mas ter a chance de expressar seu melhor de forma amorosa. Amar é o que temos de mais próximo de algo divino, nenhuma inteligência supera a ação do amor. Filhos são a chance de nos sentirmos Deus de verdade.


2- Sinto-me profundamente emocionado quando vejo vídeos de professores recebendo homenagens depois de 30-40 anos dedicados a uma instituição. Isso me comove profundamente. Nenhum professor deveria se aposentar sem honras, choros e júbilos. Ensinar é sempre uma vocação de amor.  Você dar o  melhor para o que o próximo seja melhor do que você, é acreditar em formar alguém para acrescentar luz e beleza ao mundo. Emociono-me ao pensar em todos os meus professores e mentores.

3- Emociona-me ainda atitudes atruístas que desafiam o "status quo" racional. Sinto profundamente constrangido e tocado ao ver pessoas como madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela,  Malaia Yousalfzi, Martin Luther King, Zilda Arns, etc...seres humanos que voltaram suas vidas 100% para um missão de amor ao próximo e  foram capazes de transformar o mundo. A capacidade humana de acreditar em um missão maior do que a si mesmo em prol do próximo me toca verdadeiramente.

4- A arte humana, a beleza da natureza, o silêncio comigo mesmo, as inúmeras obras literárias, tudo isso faz sentido de continuar acreditando na vida, continuar acreditando que somos capazes de construir algo maior do que está posto.




"Existe apenas um requerimento espiritual: amar ao próximo. Os outros preceitos existem só para condicionar a pessoa a amar o seu próximo"

(Rav Berg)

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: IMPACTOS E PERSPECTIVAS EM NOSSA SAUDE.














By Breitner Chaves, MD, MPH, Phd(e)




Quais os riscos e benefícios potenciais da inteligência artificial na saúde? Como está poderá afetar a vida dos profissionais do setor? Médicos deixarão de existir em um mundo próximo? Nesse artigo, apresentaremos um pouco sobre alguns conceitos gerais sobre inteligência artificial. Em seguida, detalharemos algumas ferramentas disruptivas que prometem revolucionar o setor da saúde. Enfim, analisaremos como esta poderá mudar as relações de trabalho do setor e, finalmente, abordaremos alguns aspectos éticos importantes.

1-    O MITO DO ROBÔ INTELIGENTE

Isso é algo que confunde muitas pessoas. Sempre ao pensar em inteligência artificial pensamos imediatamente em robôs que andam, pensam e possuem sentimentos humanos. É natural esse tipo de confusão, pois é a forma mais comum que filmes e a grande mídia materializa a inteligência artificial. Contudo, não necessariamente um robô possui inteligência ou algo que utiliza inteligência artificial possui uma aparência humanoide ou física. Mas afinal, o que é inteligência? Sob qual perspectiva se ciências matemáticas decidiram utilizar o temo “inteligência artificial”?
            Essa é uma questão complexa e até hoje pode ter uma resposta de acordo com diversas correntes de pensamento. Por muito tempo acreditou-se que inteligência era algo inata ao individuo e facialmente mensurável através de testes de “quociente de inteligência’ (QI)1 Contudo para filósofos como Jean Piaget, a inteligência é um processo de organização, que engloba um conjunto de funções cognitivas complexas. Para Gardner, criador da teoria de inteligência múltiplas, a inteligência é algo ainda mais complexo com vários tipos de inteligência. Segundo este último cientista, inteligência implica ainda na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural2
            Quando falamos de “inteligência artificial”, talvez estejamos mais próximos dessa perspectiva, uma vez que os algoritmos construídos almejam solucionar ou apoiar soluções de problemas cotidianos, em diversos campos do saber e experiência existencial, analisando, adaptando-se e criando caminhos imprevistos que, por vezes, atendem nossos anseios.
            Voltando a questão do começo, podemos ter belos robôs que reagem apenas de forma programada, ou seja, eles possuem um escopo de ações bem definidas, regras previamente estabelecidas por programadores, não podendo aprender novas habilidades a partir da experiência existencial. Por outro lado, podemos ter poderosas ferramentas inteligentes sem um “corpo físico”, como por exemplo, a inteligência por trás de redes sociais, sites de busca, telefones celulares, dispositivos diagnósticos e ferramentas financeiras.

2-    INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: DEFINIÇÃO.

Para o renomado cientista Yann LeCun, diretor de inteligência artificial do Facebook, a inteligência artificial pode ser definida como uma técnica que permite a uma máquina a realizar funções atribuídas tradicionalmente a um homem ou animal, tal como planejar, identificar objetos, construir hipóteses, enfim agir e interagir com o mundo a sua volta. Contudo, para este, o que mais caracteriza a inteligência artificial moderna é a capacidades de aprendizado das máquinas3. Como uma criança, os dispositivos modernos são capazes de aprender pelo exemplo, podendo ser resultado daquilo que é “oferecido” a ela. Isso tem várias implicações éticas que veremos daqui a pouco. Para conhecer mais a fundo a história da AI e seus conceitos sugerimos a leitura do texto “Intelligence artificielle: histoire et notions de base de  Jérémy Bouchez4.

3-    AS TECNOLOGIAS MAIS DISRUPTIVAS.

3.1 DeepMind Health

Um sistema hospitalar possui uma infinidade de informações em seu banco de dados, tornando difícil a gestão de todo esse conhecimento gerado. Atualmente a detecção de um paciente de risco ou que está piorando por uma infecção grave (sepse), por exemplo, depende da capacidade do profissional em examinar o paciente e interpretar uma centena de indicadores de exames e sinais vitais.  Isso muitas vezes não atende a necessidade do paciente que precisa de uma intervenção precoce e rápida. Pensando nisso a start up DeepMind começou em 2010 a pesquisar formas de solucionar esse problema utilizando inteligência artificial em ambientes hospitalares. Em 2014, a empresa foi adquirida pelo Google tamanho o potencial de benefício e crescimento do projeto. Atualmente a solução está em funcionamento em alguns hospitais na Inglaterra e a inteligência consegue detectar, a partir dos dados dos prontuários dos pacientes, sinais de piora clinica, como em casos de infecção ou insuficiência renal, e alertar de forma rápida e visual os profissionais. Recentemente pesquisadores da Califórnia (EUA) demonstraram que o uso de inteligência artificial conectada a prontuários podem prever antecipadamente eventos indesejados, tais como erros médicos e reações alérgicas, além de evitar mortalidade dos pacientes5 . Para quem deseja conhecer mais sobre o projeto DeepMind pode ir diretamente no site da empresa6.

3.2 Babylon Health

Essa start up é sem dúvida uma das mais disruptivas do setor. Atualmente um dos problemas mais sérios em quase todos os sistemas de saúde do mundo é falta de acessibilidade a uma consulta médica e a situação se agrava ainda mais em países mais pobres. Através de um aplicativo você pode ter um diagnóstico inicial, ter uma consulta com um especialista e receber sua prescrição médica em casa. O aplicativo utiliza fluxos médicos e segue um raciocínio clínico segundo as respostas dadas a ele pelos usuários7.

3.3 Watson: IBM

Impossível falar de AI e não falar dele. Watson é a plataforma de serviços cognitivos da IBM para negócios. Pode ser usado em diversas áreas, como educação, meteorologia, saúde, economia, agricultura, etc. Em média, o Watson consegue processar 500 gigabytes, o equivalente a um milhão de livros, por segundo! Essa incrível capacidade de processamento e análise favorece tomadas de decisões seguras em áreas sensíveis e com grande produção de conhecimento, como setor da saúde8 .
O mais incrível é que a IBM construiu uma plataforma que poderá ser usada por várias star ups do mundo em suas respectivas áreas de atuação, favorecendo uso dessa impressionante capacidade cognitiva em favor de seus próprios usuários. Em outras palavras, existe grande chance em um futuro próximo o Watson ser uma espécie de “cérebro global”. Atualmente, a ferramenta em sido utilizado com sucesso apoiando oncologistas em suas tomadas de decisão, em análises genéticas e na gestão de dados clínicos primordiais em hospitais9.




4.0 Reflexões éticas

Segundo Marc Schoenauer, pesquisador da universidade normal de paris, dispositivos de inteligência artificial podem servir a um bom propósito como a uma finalidade deplorável, dependendo da qualidade dos conhecimentos que são repassados a ela, assim como uma criança10.
Por exemplo, se colocarmos algoritmos para realizar definições salarias, certamente ele perpetuará ou ampliará a discrepância salarial entre homens e mulheres com base na realidade atual. Um outro exemplo prático disso, a Microsoft lançou em 2016 um “chatbot” (um algoritmo para interagir em redes sociais) chamado “Tay” para conversar com a geração millenium, entretanto,  “Tay” se tornou racista, sexista e xenófoba a  partir dos dados que ela absorveu de forma mais prevalente em suas interações. O ChatBot foi desativado logo após seu lançamento11.
Retornando a questão do começo, não sabemos ao certo a real transformação que a AI ira promover em nossa sociedade, mas com certeza grandes mudanças ocorrerão. Alguns postos de trabalho inevitavelmente deixarão de existir e outros serão criados. Por exemplo, está cada vez mais claro que que AI vem se tornando mais eficiente em relação realizar diagnósticos de exames de imagem médica, uma vez que que as soluções podem detectar nuances que os olhos humanos não são capazes de enxergar. Assim, não sabemos dizer, por exemplo, em que se transformará a especialidade médica de radiologistas12.
O Babylon cada vez mais avança e poderá sim modificar completamente o papel de médicos generalistas nos sistemas de saúde e em serviços de auditoria. Estes profissionais provavelmente serão mais direcionados para a gestão de dados clínicos e menos ligados ao diagnóstico ou triagem.
Uma outra questão muito importante que dever ser debatida de forma transparente consiste na utilização ética dos dados clínicos pessoais dos usuários, uma vez que quanto mais conectados e em rede as informações de saúde dos indivíduos se tornam mais vulneráveis a serem explorados de forma não desejada e sujeitos a ataques cibernéticos. Dados hoje se tornaram uma “mina de ouro” desse emergente campo da ciência e grandes esforços estão sendo realizados por gigantes companhias para obtê-los afim de explorar novas finalidades comerciais, o que vem chamando atenção da sociedade civil e entidades de direitos humanos.



Conclusão

Vimos alguns conceitos sobre inteligência em seu sentido macro nesse artigo e exploramos três soluções de AI que já estão em funcionamento e possuem um grande potencial de revolucionar o setor. Por fim, e não menos importante, trouxemos alguns pontos de reflexão sobre importantes questões éticas a serem consideradas quando falamos dessas tecnologias.
A inteligência artificial não irá parar e, cada vez mais, será presente em nossas vidas, caberá, portanto, a sociedade civil organizada participar ativamente desse debate afim de garantir que aspectos éticos sejam respeitados e o fim último seja sempre o progresso humano e não, exclusivamente, avanços comerciais a qualquer custo e sem reflexão crítica.



Réferences


1-     Schneider, W. H. (1992). After Binet: French intelligence testing, 1900–1950. Journal of the History of the Behavioral Sciences28(2), 111-132.





5-     Rajkomar, A., Oren, E., Chen, K., Dai, A. M., Hajaj, N., Hardt, M., ... & Sundberg, P. (2018). Scalable and accurate deep learning with electronic health records. npj Digital Medicine1(1), 18.
6-     https://deepmind.com/
8-     https://www.youtube.com/watch?v=ZPXCF5e1_HI
9-     https://www.youtube.com/watch?v=idp55-2kMc8

12-  https://www.lesechos.fr/idees-debats/editos-analyses/030810579263-lintelligence-artificielle-aux-portes-de-limagerie-medicale-2129217.php

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Montréal ( French)





"There is a crack in everything. That’s how the light gets in”

“Il y a une brèche en toute chose. C’est ainsi qu’entre la lumière” 

(Cohen)





                       Quando criança eu queria conhecer todo o mundo. Achava que era possível, mas a vida a adulta chegou e me evidenciou a impossibilidade disso. Mudei de estratégia, mas não desisti. Se não poderia visitar o mundo, que pelo menos eu viva em um local que abrigue o mundo todo, foi então que me surgiu a bela visão de Montreal. 
                      Convivo com pessoas de mais 80 países diretamente, estudo com pessoas de todos os continentes, posso visitar todos os locais através da história de vida de cada uma dessas pessoas. Convivo com sobreviventes de genocídios, catástrofes naturais, conflitos armados diversos, fome, pude ver muitas lagrimas como testemunhas da ganância humana. Montreal tem muita poesia, mas tem muita realidade do mundo.
                        Vi também coisas que me encantam, vi a diversidade ser respeitada, o amor prevalecer sobre a ignorância. Vi o pobre ter direito e ser escutado. Chorei ao ver a casa de Cohen. Abro um parêntese para agradecer a Montreal a vida de Cohen, um gênio contemplativo da vida.
                     Montreal é isso, é um mundo a cada esquina, cada metro quadrado uma volta ao planeta. Sigo minhas descobertas incansáveis. Ainda tenho muita beleza para descobrir. Como diria um poeta cearense, "amar e mudar as coisas me interessam mais" ( Belchior)


French Version:



Quand j'étais enfant, je rêvais de connaître tout le monde. Je pensais que c'était possible, mais l'âge adulte est arrivé et m'a dévoilé l'impossibilité de cet idéal. J'ai alors modifié ma stratégie sans pour autant renoncer à mon rêve. Si je ne pouvais pas parcourir le monde, je souhaitais au moins vivre dans un lieu qui l'embrasse dans son intégralité. C'est ainsi que j'ai découvert la magnifique ville de Montréal.

Ici, je côtoie des personnes de plus de 80 pays différents. J'étudie avec des individus issus de tous les continents et à travers eux, j'explore les divers lieux de notre monde. Je partage mon quotidien avec des survivants de génocides, de catastrophes naturelles, de conflits armés, et avec des victimes de la faim. J'ai été témoin de nombreuses larmes, reflets de la cupidité humaine. Montréal regorge de poésie, mais elle offre également un aperçu brut et véridique du monde.

J'ai aussi été profondément touché par ce que j'y ai vu. La diversité y est respectée, l'amour triomphe sur l'ignorance. J'ai vu les plus démunis avoir des droits et être entendus. Les larmes m'ont submergé lorsque j'ai découvert le parcours de vie de Cohen. Je prends un instant pour remercier Montréal pour la vie et l'œuvre de Cohen, ce génie contemplatif.

Montréal, c'est cela : un microcosme du monde à chaque coin de rue, chaque mètre carré est une fenêtre sur la planète. Je poursuis mes explorations effrénées, avec encore tant de beauté à découvrir. Le poète et chanteur cearense, originaire de l'état brésilien où je suis né, Belchior, résume parfaitement ma vie :

  '"aimer et changer le monde m'intéressent bien plus que d'accepter la fausse réalité de la vie"