Você já parou para pensar qual o real motivo do
sucesso BBB e outros similares? O que faz milhares de pessoas dedicarem parte de suas vidas a
acompanhar por quase 3 meses a vida de desconhecidos através da televisão?
Seria apenas uma nova expressão social "voyerista" incrustada no inconsciente
coletivo? Alguns poderiam dizer que não passa de um programa interativo de
massa, sem raízes explicativas, uma novela da vida real, entretanto vejamos
algumas questões antes de qualquer conclusão superficial.
Sabemos que o homem é um ser social que depende até certo ponto da opinião
e aceitação do grupo o qual está inserido para sua plena realização, isto
inclui ser percebido e perceber o próximo. Infelizmente, devido as pressões da
sociedade contemporânea de exigências excessivas na produção de
resultados, os laços familiares e de amizades têm sido um pouco delegados
para segundo plano, pois a lógica produtiva para manter o atual meio de
produção deve ficar em primeiro lugar.Tal pensamento tem crescido de tal forma
que temos dado um grande espaço para atuação de vícios de espírito tipicamente
humano, como o egoísmo e a busca de prazeres sensoriais destrutivos.
Devido à forte pressão produtiva, agora implantada a
partir da infância, muitos indivíduos, sem o preparo psicológico adequado para
suportar tal sistema, são acometidos com inúmeros transtornos psiquiátricos,
constatado no "pool" desses distúrbios nas civilizações ocidentais
que trabalham com a lógica desenfreada de resultados a qualquer custo para o
aumento insano da margem de lucro das empresas.
A família, nesse contexto, apresenta-se como uma vitrine de apresentação de sucesso
profissional, exposta muitas vezes como
uma falsa imagem de felicidade, quando na verdade o diálogo interno é
inexistente ou sustentado por laços frágeis e insensíveis.
Ouvir o próximo virou hábito obsoleto, não temos tempo para encerrar nossas
atividades por alguns minutos e auxiliar um amigo ou mesmo um familiar com nosso
valoroso e caro tempo. Afastamo-nos dos que mais amamos e esquecemos que precisamos
do próximo para ser feliz, pois a satisfação individual é uma efêmera ilusão
capitalista.
Nesse
contexto, mesmo sem tempo para amar o próximo, deparamo-nos com uma realidade
marcante, adoramos ver desconhecidos na televisão, analisamos o dia a dia, os
problemas, as situações difíceis destes, compartilhamos as aflições daqueles estranhos
até então para nós. Naturalmente essa inclinação é fruto da necessidade de estarmos
envolvidos com pessoas, assim, de forma fantasiosa aceitamos com gratidão os
relacionamentos a distância de um "reality show". Não paramos para
escutar nossos entes queridos, esquecemos de exercer o amor na vida diária, de
querer conhecer o pequeno zelador que passa por nós diariamente, mas estamos de
prontidão para nos envolver com arquétipos distantes e televisivos. É muito
mais cômodo esse tipo de relacionamento, podemos parar de sofrer na hora que
quisermos, basta para isto apertarmos a tecla "off" da televisão,
escutar apenas o que queremos parece-nos agradável, participar das festas em conjunto a distância
é uma maravilha, vivermos e compartilharmos tal experiência com os "big
brothers" satisfaz temporariamente nosso real desejo íntimo que é ser
feliz e viver em harmonia na coletividade humana.
O
verdadeiro espetáculo da vida esquecemos, não nos deixamos envolver com o
próximo, pois isso exige tempo, dedicação, cuidado real e palpável.Vivemos em
um mundo real que está sendo levado para sendas virtuais.Enfim, estamos distantes de
nós mesmos, isolados, ilhados em um show único e potencialmente divino que é a vida
real.
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