Ao perguntar a um amigo do Butão sobre "o segredo" deles serem o povo mais feliz do mundo, ele me respondeu de forma direta e desconcertante:
-Breitner, é simples, pensamos na morte diariamente.
Um pouco desconcertado, eu não escondi minha surpresa:
- Hein? como assim?
De forma irreverente ele me falou:
- Ao pensar na morte, não na violência, entendemos que toda a vida e os desdobramentos do ego são uma ilusão, somente o respeito a vida faz sentido, assim, não sofremos.
Naquele momento de confusão psicológica, já cambaleante, tentei hesitar em prosseguir com questionamentos, mas não pude deixar de dize-lo que nós ocidentais também convivemos e pesamos diariamente na morte, nós que inventamos o "carpe diem", toda medicina de ponta para aliviar as dores da morte e salvar quando necessário. Não podia ir para casa sem registar que fomos nós afinal que criamos a geração "woodstock", que aproveita a vida acima de tudo!!!
De forma bem simples ele me falou:
- Os ocidentais ainda não entenderam o que é a morte, vocês têm medo dela, isso é a base de todo sofrimento e dor, de toda ansiedade que vocês vivenciam diariamente. Muitas vezes a interpretação do carpe diem dos ocidentais representa, na verdade, uma reação de medo da morte, de opressão das emoções.
Foi quando entendi que pensar na morte não significa "aproveitar" a vida, pois esse pensamento e as ações decorrentes desse modo de pensar só geram mais ansiedade. Pensar na morte significa, na verdade, respeitar a vida e as emoções humanas com todas as suas aparentes incongruências. É compreender suas limitações e até onde você pode agir, é amar ao próximo e compreender que você não é mais especial que seu vizinho no mundo e, ao mesmo tempo, é a salvação do mundo.
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